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O rap não para

09/07/2011 15:36

O crescimento do Rap brasileiro

 

Ainda alvo de preconceito, o rap nacional caminha para conquistar cada vez mais pessoas 

 

Surgido nos Estados Unidos em meio ao movimento Hip Hop, o rap encontrou na periferia do Brasil terra fértil para se propagar. É nos arredores das cidades grandes que surgem os principais representantes da “música falada” nacional. Hoje, aos poucos, o rap vem ganhando mais visibilidade e começa a despertar interesse de classes sociais mais altas. Mas ainda é pouco se for comparado com ritmos como o axé e o sertanejo.

Segundo Nelson Triunfo, um dos precursores do movimento Hip Hop no Brasil, a grande guinada do rap nacional aconteceu no começo da década de 1990, quando surgiram vários grupos e cantores, como Gabriel, O pensador, que conseguiu colocar seu rap mais pop nas rádios. Hoje, acredita, já não é mais possível frear o crescimento desse estilo. “Não é só em São Paulo e no Rio de Janeiro que existe Rap. Em todos os estados do Brasil temos bons MCs”, diz Triunfo.

Mesmo em expansão e conquistando fãs por todo o país, o rap ainda tem de enfrentar o preconceito. A Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), por exemplo, ainda não aceita o rap como um estilo musical. “Sempre vai existir preconceito em tudo que vem da periferia. Uma sociedade hipócrita como a nossa sempre vai questionar o que vem do povo. Mas a gente está aqui para quebrar isso e mostrar que eles estão errados”.

O filme e a minissérie Antonia, que foi ao ar pela rede Globo no ano passado, serviram para mostrar a classes sociais mais elevadas o que é o rap. Negra Li, uma das protagonistas, acha que a minissérie fez com que as pessoas perdessem um pouco do preconceito, mas não fez com que passassem a frequentar shows e nem comprassem discos. “A gente tem muito pouco espaço para mostrar o nosso trabalho. E enquanto as pessoas não perceberem a importância do rap, não conseguiremos evoluir. Precisamos de mais espaço na TV e no rádio, sem ter que pagar por isso”, diz.

A popularização do rap fez com que o ritmo ganhasse novos ares, músicas mais melodiosas e letras com um discurso menos político e social. Para os mais puristas, essa movimentação é um distanciamento de suas raízes. Mas os rappers que atuam na área acham que há espaço para tudo e que as mudanças são importantes para o crescimento da música. “Quando comecei eu tinha necessidade de ser mais político. E acho que isso tem de continuar. Mas também há um outro público, que quer diversão. Então, acho que você pode falar do que quiser, desde que respeite o que está fazendo e o que os outros já fizeram”, avalia Thaíde, um dos grandes nomes do rap nacional. Rappin Hood também acha que não existe regra. Mas tem a sua posição muito bem definida. “O rap é música e não quer se fechar às novidades. Mas, para mim, ele tem uma função social e é por isso que eu sou um rapper. Isso não quer dizer que seja uma regra. É o meu jeito de fazer música”, diz.

Eles fazem o rap nacional

O grupo Racionais, liderado por Mano Brown, foi um dos primeiros a surgir na periferia de São Paulo. É conhecido por um discurso combativo contra a submissão, a miséria e a violência policial. A postura, às vezes agressiva, do grupo já fez com que tivessem vários problemas com a polícia em shows.

O rapper Thaíde também é considerado um dos precursores. Ao lado do Dj Hum participou da coletânea “Cultura de Rua”, a primeira a levar o rap para as rádios, e se apresentou em casas noturnas de São Paulo e de outras cidades do País. Hoje em carreira solo, Thaíde continua trabalhando a favor do rap.

MV Bill, carioca da comunidade Cidade de Deus, é conhecido por letras marcadas pela denúncia social, mas também pelo trabalho social que faz junto às favelas e pelos dois livros que lançou: “Falcão: Meninos do Tráfico” e “Falcão: Mulheres do Tráfico”.

Gabriel, O pensador é um nome que ajudou a popularizar o rap. Alvo de críticas por ser branco e de classe média, mostrou que também pode fazer letras de conteúdo político e crítica social. Suas músicas mais conhecidas são “To feliz, matei o presidente”, “Lôraburra” e “Retrato de um Playboy”.

Rappin Hood começou no Hip Hop antes de saber o que era o movimento. Hoje ele apresenta o programa “Manos e Minas”, na TV Cultura, e tenta mostrar que o rap não é um ritmo menos importante do que outros. Estudou música na ULM (Universidade Livre de Música) e transita do clássico ao jazz.

Negra Li é um nome importante quando se fala na voz feminina do rap. Da periferia de São Paulo, ficou conhecida nacionalmente depois do filme e da minissérie Antonia, na qual era protagonista. Gosta do rap político, mas acha que uma batida mais melodiosa e letras de amor não transformam o rap em algo menos importante.